Gong Ji Young

Gong Ji Young em entrevista ao BrazilKorea

Gong Ji Young esteve em Brasília, no dia 25 de agosto, para o Lançamento do III Concurso de Ensaios de Literatura Coreana, sessão de autógrafos do livro “Nossas Horas Felizes” e bate papo com os leitores.

A escritora, que representa um dos nomes mais proeminentes da literatura coreana na atualidade, cedeu uma entrevista ao BrazilKorea falando sobre sua jornada e dividindo alguns de seus olhares sobre a literatura.

BrazilKorea: Em 2014 o escritor Kim Young Ha esteve no Brasil para uma mesa literária onde nós conversamos sobre alguns dos principais desafios para a literatura coreana se estabelecer no cenário global. O escritor apontou que antes de tudo era importante que a literatura coreana fosse reconhecida pelo próprio público coreano para então ganhar reconhecimento no mundo. Você enxerga esses mesmos desafios? Como você vê a literatura coreana hoje na cena contemporânea?

Gong Ji Young: Concordo com Kim Young Ha, mas acredito que é como um destino. Um livro coreano bem lido pode conquistar este espaço. Ou seja, pode acontecer ou não, mas sua consolidação é como um destino.

BrazilKorea: Você é conhecida por utilizar a literatura e as palavras como instrumentos políticos. Que limites encontra nesse fazer literário político?

Gong Ji Young: Na verdade não vejo estes limites, eu apenas expresso os meus pensamentos; e o que sinto como necessário a ser dito para uma mudança política. Muitas vezes eu não sei se o resultado será efetivo. Até porque, entendo que isso faz parte e depende da sociedade, de sua intervenção e das respostas do ambiente.

BrazilKorea: Em alguma medida, a posição dos escritores é tida como uma posição onde se tem liberdade, mas também existe o enfrentamento do desafio de dizer coisas que não são fáceis de serem ditas ou interpretadas na sociedade. Você se enxerga nessa posição?

Gong Ji Young: De modo algum! Eu me sinto confortável em abordar estes assuntos. Não é difícil, afinal estou retratando as coisas que observo.

BrazilKorea: Muitas obras literárias coreanas têm sido traduzidas para o português. Como você interpreta este processo e responsabilidade de uma tradução? Já que traduzir um livro com uma abordagem crítica, que traz também particularidades sociais, políticas e culturais, é uma grande responsabilidade. Além disso, por que você acha que em específico “Nossas Horas Felizes” foi escolhido para ser traduzido para o português?

Gong Ji Young: É um processo difícil, sem dúvidas, e precisa ser bem feito.

No caso de “Nossas Horas Felizes”, acredito que as pessoas que leram este livro, foram bastante impactadas e se sentiram emocionadas. Por isso, talvez essa tenha sido a principal razão para que ele fosse traduzido para o português.

BIOGRAFIA

Nascida em Seul, Gong Ji Young, desde pequena esteve ligada a escrita. Primeiro, através da poesia e, posteriormente, por meio de romances. Mas sua relação com a literatura se formalizou em 80, ao ingressar no curso de Literatura da Yonsei University. Lá também passou a se engajar mais diretamente em movimentos sociais, o que influenciou em sua produção literária, que aborda ainda feminismo e religião.

Seu primeiro romance foi publicado em 1989 e, de lá pra cá, já são mais de vinte obras publicadas, entre novelas, ensaios e outras produções. Dois de seus livros ganharam adaptação para o cinema, sendo um deles, “Nossas Horas felizes” que, em filme, foi intitulado “Maundy Thursday”.

Foi sete vezes premiada, incluindo o título pela Anistia Internacional e o Prêmio Literário Yi Sang (um dos prêmios mais importantes da cena literária coreana).

A escritora best seller vem construindo um trabalho que se empenha em abordar diversos assuntos que caracterizam a sociedade coreana. A realidade pulsante e por vezes sombria, mas que é vivida por todos. Por isso, suas obras tem tamanho impacto entre o público e porque não nas instâncias representativas políticas.

Confira alguns dos principais registros do evento em nosso Flickr.

Entrevista: Bárbara Barreto
Tradução: Young Sun Woo
Apoio técnico: Lia Kesselring

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About Barbara Brisa

Editora de conteúdo (Brasília) - Cientista Social pela Universidade de Brasília, Repórter Honorária pelo Centro Cultural Coreano do Brasil e Co-Fundadora do Maūm Ūmsik. Em constante estudo pela compreensão das coreanidades.

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