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Flu | Imagem: wikipedia

Flu (감기), filme de 2013 dirigido por Kim Sung Su, mescla os gêneros de ficção científica e drama numa emocionante história que se passa na cidade de Bundang (Coreia do Sul), retratando um surto epidêmico da H5N1.

The Flu “conta a luta desesperada de pessoas que ficaram presas em uma cidade fechada sem defesa, sem chance de escapar quando um vírus fatal H5N1 se espalha pela cidade. O vírus é transmitido pelo órgão respiratório e a velocidade de transmissão é muito alta, resultando em milhares de pessoas contaminadas e mortes que ocorrem em até 36 horas.” (Sinopse extraída do KMBD com adaptações)

O filme é muito delicado e sensível e o recorte desta indicação aborda relações entre pessoas.

Atenção! Agora só spoiler.

Estranhos

No primeiro momento do filme vemos pessoas dentro de um container sendo “exportadas” feito produtos de Hong Kong para a Coreia do Sul. Aparentemente se trata de tráfico ilegal de pessoas. Não temos muitas informações a respeito delas e embora a cena tenha início em Hong Kong, descobrimos mais tarde que ao menos um deles é filipino.

Essa dinâmica se repete durante todo o filme: ao que é externo e estranho não é dada uma atenção, bom tratamento e nem importância. O diretor mantém certa distância entre essas personagens não-coreanas.

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Essas são as primeiras falas do filme. Este homem coloca as pessoas no container e dá essa dica. Ironicamente o fato de ficarem perto é o que acaba matando as pessoas que estão lá dentro (por conta da contaminação). Mas o contraponto a ser mostrado no filme é o de aquecer o próximo quando frio.

A gripe que se espalha

A tradução literal do nome  감기 em inglês é cold (frio em português), podendo ser uma referência a gripe (em inglês quando gripado “I have a cold”, como também é utilizada a expressão Flu, no mesmo sentido). Mas salienta-se a atenção para as interações frias e de distanciamento:

A quebra da dinâmica de distanciamento é feita pelo protagonista de A Gripe – Kang Ji Koo (Hyuk Jang) – que trabalha como socorrista, ajudando estranhos acidentados.

Kang socorre Drª Kim (Soo Ae) que se envolve num acidente. Após o resgate, Drª Kim está relatando o ocorrido ao policial que lhe interrompe e diz que verificará as câmeras. A Drª Kim reclama frustrada pela falta de atenção concedida.

Logo em seguida volta Kang com um copo de café para a moça e começa a conversar com intuito de assegurar de que ela estava bem e que ‘sempre poderia contar com os socorristas’. Ela então responde:

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Quase chorei, mas fiquei sem reação. Meu primeiro choro foi na próxima foto.

Dois irmãos foram encarregados de retirar as pessoas no container e concluírem o tráfico. Ao abrirem o container encontram apenas um sobrevivente e todas as pessoas cobertas por feridas e sangue. Apesar do susto ao verem aquela situação, não se consegue identificar compaixão nos irmãos, sobretudo no mais velho.

No dia seguinte, os irmão deveriam entregar o sobrevivente, mas este foge. Logo em seguida percebe-se que o irmão mais novo está doentio. Ao sair em público, o irmão doente começa a transmitir a gripe. Ele não resiste ao avanço da doença e morre. A reação de seu irmão não é nada fria como anteriormente, olhe a imagem:

Estranhos antídotos

A personagem mais carismática de Flu é Mi Reu (Park Min Ha), filha da Drª Kim, que se encontra com Kang para que ele possa devolver os pertences de sua mãe. Ela é adorável e inteligentíssima. No momento, ela mostra certo distanciamento de Kang por recomendações da mãe em relação a estranhos, mas agradece suas intenções.

No dia seguinte Mi Reu é salva de um quase atropelamento pelo sobrevivente do container. Embora nenhum entenda a língua do outro, eles conseguem se apresentar. Mi Reu dá um pão a Monssai (Lester Avan Andrada) que agradece e diz que a menina lembra sua irmã. Mi Reu percebe a tosse do menino e sai para conseguir ajuda. Dois estranhos se comunicando em línguas diferentes e se ajudando.

Mi Reu retorna ao local com Kang, mas Monssai não está mais lá. E conta a Kang que ela e sua mãe foram abandonadas pelo seu pai. Que frio! E ele nem era um estranho. Mi Reu e Kang é a relação preferida do filme, pois são duas pessoas genuinamente boas e calorosas.

O que você faz com o que você sabe

Ao perceberem a gravidade do vírus que se espalha com facilidade, recomenda-se o fechamento da cidade. Mas o governo local é contra e tenta impedir preocupando-se com as próximas eleições. Embora contra, estas pessoas começam a informar seus familiares para deixarem a cidade. Até que o presidente decide informar sobre a pandemia.

Cria-se o caos e a cena do supermercado simboliza a verdadeira gripe. Mi Reu está perdida e Kang e Drª Kim estão a sua procura. A menina sozinha, chorando e procurando pela mãe dentro do mercado que está um caos é ignorada por todos que estão preocupados unicamente com sua própria sobrevivência e não podem parar para ajudar a criança.

Após encontrarem a menina, a Drª Kim oferece um lugar no helicóptero para Kang deixar a cidade mas ele prefere ficar para ajudar as pessoas que ficaram presas no mercado:

Drª Kim: Vamos![…] eu posso te levar para fora da cidade.
Kang: Vá em frente!
Drª Kim: Há infectados aí dentro.
Kang: Eu sei, mas esse é o meu trabalho.
Drª Kim: Ninguém aqui sabe o que você faz da vida.
Kang: Mas eu sei.

Sim, é pra chorar.

Estranhos conhecidos

O plano de contenção fecha a cidade e cria um abrigo que separa as pessoas contaminadas das pessoas não-contaminadas. O exército executa essa ação com violência e sem tato com as pessoas que estão terrivelmente assustadas.

Drª Kim e sua filha vão ao abrigo por não conseguirem sair da cidade, pois Mi Reu está com sintomas. No abrigo, esconde o fato da filha estar com a gripe e reencontram Kang na área de não-contaminados. Preocupada com a filha, Drª Kim, não cumpre seu trabalho como médica ao expor uma pessoa com vírus a outro grupo de pessoas.

Um dos militares, após agredir pessoas em pânico, vê sua mãe (contaminada) sendo levada por outros colegas do exército. O rapaz entra em desespero e tenta salvar a mãe começando uma briga com seus colegas militares.

Esse conflito de pertencimento é gerenciado também por influência dos Estados Unidos em relação ao controle da pandemia, ordenando matar os cidadãos desta cidade coreana para impedir que a gripe saia do país.

A atitude do país estrangeiro em relação aos coreanos é baseada no fato dos coreanos lhes serem estranhos, por isso essa facilidade em colocar um contra o outro e de decidir suas mortes. Até que o presidente da Coreia percebe que aquelas pessoas não são estranhas a ele, são coreanos – são seu povo.

Muita coisa acontece ainda e muitas cenas emocionantes que fazem chorar merecem ser citadas, mas vou deixar o filme com vocês. Flu exercita essa capacidade das pessoas em pensar no próximo e de refletir qual a verdadeira doença sendo espalhada.

Até o próximo choro/filme!

Para assistir ao trailer do filme com legenda em inglês, clique AQUI

Flu encontra-se do catálogo da Netflix.

Fonte da sinopse e ficha técnica: kmdb.or.kr

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About Caio César

5 Responses to Flu: recomendação de filme sobre pandemia
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    Ótima observação feita sobre a tradução/adaptação do titulo koreano-ingles-portugues (cold e flu) expandindo seu significado e detalhando bem a historia! É bem isso mesmo, o temperamento dos personagens, mesmo secundários, são exercícios de associações entre frio e caloroso durante todo o filme.

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    Amei a indicação. O filme é muito bom, a única coisa ruim é a dublagem. rsrsrs.
    Vlw.

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    Esse filme é muito bom! Assisti recentemente e recomendo!

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    Adorei a sugestão, espero que isso tudo que estamos passando vá embora logo.

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    Que postagem bem explicada com detalhes! Nem assisti o filme mas estou com uma sensação de que acabei de sair do cinema. Muito obrigada pela postagem. Agora tô indo assistir esse filme no netflix kkk !!!


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