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Daniel Semanas e Roly Poly | Imagem: Reprodução Papo Zine

Daniel Semanas é diretor, ilustrador e animador. Se aventurando no universo dos quadrinhos pela primeira vez, estreia no cenário com Roly Poly. Uma obra inspirada no kpop, envolta de aventura e psicodelia.

Formado em Design Gráfico pelo SENAC, Daniel Semanas tem circulado pelo mundo das animações e ilustrações, com trabalhos de destaque para a MTV; o festival  Lolla Palooza e marcas como NIKE e Mercedes. Mais recentemente decidiu se aventurar no universo dos quadrinhos, resultando na criação de Roly Poly – A História de Phanta.  Para entender um pouco mais sobre a concepção da obra, o BrazilKorea realizou uma entrevista que você, leitor, confere a seguir.

BrazilKorea: Pode nos contar um pouco de sua trajetória?

Daniel Semanas: Desenho desde que consegui segurar um lápis (hehe). Comecei copiando desenhos do Looney Tunes e Disney. Passei pela fase dos quadrinhos americanos durante a adolescência. Depois peguei a onda do anime/mangá que veio para o Brasil junto com Cavaleiros do Zodíaco. Durante o ensino médio passava as tardes criando mini animações em flash no estilo anime, o que estruturou minha base como animador. Me formei em design gráfico e comecei a trabalhar como animador em alguns estúdios de design. Participei de projetos para marcas como Nike, Mercedes, Lolla Palooza, Absolut e Mtv. Nesta última, dirigi uma série de animação que passava durante os intervalos do canal, que resultou na participações em diversos festivais de animação dentro e fora do Brasil. 

BrazilKorea: Em que momento os quadrinhos se tornam parte da sua produção artística?

Daniel Semanas: Por volta de 2015 deixei o processo de animação de lado por um tempo e passei a me dedicar aos quadrinhos. Fiz um primeiro projeto menor para entender a linguagem, foi uma compilação de histórias sobre sonhos, chamado SONO. E então passei a dedicar os três anos seguintes ao projeto Roly Poly.

BrazilKorea: Como surge a parceria com a Editora MINO e a Fantagraphics Books?

Daniel Semanas: Desde o começo a intenção era publicar o livro em uma editora fora do país, mirar no mais alto possível e ver no que daria. Queria publicar nos Estados Unidos, na Coreia e no Japão. Quando terminei o quadrinho imprimi um boneco e comprei uma passagem para a Coreia e Japão; a fim de tentar vender o livro pra alguma editora de lá. Bati na porta de algumas editoras em ambos os países, e todas gostaram do livro, mas descobri que o mercado era super fechado. Recebi conselhos dos editores para publicar fora e importar como conteúdo estrangeiro.

Enquanto isso, meu amigo Rafael Grampá estava viajando pelos “states” e acabou conhecendo o Eric, editor da fantagraphics. Ele apresentou o projeto Roly Poly e de cara o Eric adorou, entramos em contato e na próxima semana já assinamos o contrato. Foi surreal por que das editoras que gostaria de publicar, a Fantagraphics era a que eu mais queria.

ROLY POLY X KPOP

BrazilKorea: Roly Poly é sua HQ de estreia e também a estreia de uma HQ brasileira tendo o Kpop como um dos principais conceitos. Qual a sua relação com esse gênero musical?

Daniel Semanas: Antes de começar o projeto Roly Poly, estava envolvido em um projeto de animação chamado Anna Bee no vale dos sonhos, um episódio piloto para uma série maior. Juntei uma equipe de artistas/amigos em uma casa e projetávamos filmes, referencias e clipes na parede enquanto trabalhávamos na animação. Os clipes de kpop começaram a surgir como referência gráfica. E me apaixonei por este quesito que possui um apelo visual pop, moderno e fashion. Sempre curti esse tipo de linguagem e queria contar uma história sobre trabalho em equipe e relações humanas. Achei nos grupos de kpop um ambiente propício e passei a procurar cada vez mais os artistas influentes desse universo.

BrazilKorea: A escolha do título da HQ é inspirada na música do girlgroup coreano T-ARA? Que outros elementos e referências deste universo – incluindo estéticas – trabalhou?

Daniel Semanas: O clipe Roly Poly do grupo T-ara foi um dos primeiros que curti. Gostei da sonoridade do titulo e pesquisei seu significado. Roly poly é um brinquedo clássico que a criança empurra e ele volta. A letra da música explora esse conceito que tem super a ver com o projeto, no ponto em que a ação de um personagem impulsiona um grupo de personagens  a uma reação. Além disso, a polêmica história do T-ara também afirma um outro conceito do projeto: a ideia de que para um sonho acontecer, uma série de acontecimentos inesperados e obscuros também acontecem. Assim como a história da protagonista Phanta.

A parte estética do kpop também é uma das referencias principais de Roly Poly. Como por exemplo, o aspecto moderno/cool/fashion que serve como ambientação da história. Achei que tinha tudo a ver, separei um monte de referencias e resolvi explorar os recursos visuais para contar a história visualmente. Dentre as referências de kpop que me influenciei, estão os girlgroups Miss A, 2ne1, Girls Generation e 4Minute.

BrazilKorea: Para o público geral, Gyeongju pode ser conhecida apenas como uma cidade fictícia do quadrinho. Porém é uma cidade real e possui um papel importante na história da Coreia. Há um motivo por trás da escolha em específico dessa cidade como cenário principal da HQ?

Daniel Semanas: Quando pensei na personalidade da protagonista Phanta, a imaginei com origem de uma cidade pequena. Uma clássica garota do interior que decide enfrentar o concorrido mundo do kpop, a fim de aumentar o números de seguidoras na internet e superar a popularidade de uma web celebrity. Pesquisei cidades do interior da Coreia e entre diversas opções, escolhi Gyeongju pelo seu contexto histórico. Achei que a ascensão dessa pequena cidade servia como uma metáfora para a jornada de Phanta.

BrazilKorea: Você produziu um teaser de Roly Poly para divulgação. Há planos de trazer uma versão completa do quadrinho em animação?

Daniel Semanas: A principio o teaser animado serviu como divulgação do livro impresso. Mas também tinha intenção de apresentar o potencial do projeto como animação. Por enquanto, a produção ainda é inviável, pois dependendo da repercussão do livro. Mas quem sabe mais a frente não surge uma oportunidade de transformar em uma série ou filme animado, seria incrível!

BrazilKorea: Tanto na versão impressa quanto digital do quadrinho, há diversos elementos em que a língua e a escrita coreana são utilizadas. Você já possuía contato com ambas? Como foi o processo de trabalho nesse sentido?

Daniel Semanas: Não tinha muito contato com a língua coreana até começar o projeto. Passei a procurar por pessoas que tinham domínio do idioma para me ajudar com a tradução e acabei conhecendo pessoas bem legais. Fiz um casting com coreanas para fazer a dublagem do teaser e também chamei um tradutor para me ajudar com os  letterings em coreano. Explorei bastante a linguagem, mas também optei por criar formas abstratas para as onomatopeias, baseado na estrutura coreana.

BrazilKorea: Como tem sido a resposta da crítica e do público em relação à Roly Poly?

Daniel Semanas: Até então tem sido melhor do que esperava! Só o fato da Fantagraphics e a Editora MINO terem publicado o livro, já foi uma grande conquista. E agora que ele foi finalmente publicado, tenho tido um retorno super positivo, tanto aqui quando fora do país. Espero que continue assim para que eu possa dar continuidade ao projeto.

Acompanhe Daniel Semanas no Instagram e conheça mais sobre seus projetos.

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Entrevista: Bárbara Barreto

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About Barbara Brisa

Editora de conteúdo (Brasília) - Cientista Social pela Universidade de Brasília, Repórter Honorária pelo Centro Cultural Coreano do Brasil e Co-Fundadora do Maūm Ūmsik. Em constante estudo pela compreensão das coreanidades.

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