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Imagem: Ariane Annunciação

Os nomes coreanos, conforme dito anteriormente, seguem um padrão semelhante ao chinês, com apenas três sílabas, sendo a primeira o sobrenome, algo bem diferente de grande parte dos países ocidentais. No entanto, existe ainda outro fator determinante na escolha da forma como uma criança irá se chamar, principalmente nas famílias mais tradicionais. E isso se dá a partir dos clãs ou shijok (씨족), ou seja, os grupos unidos pelo laço de parentesco com um ancestral em comum.

A Coreia é um país onde as pessoas valorizam bastante suas raízes e gostam de marcar as origens dos seus grupos. Por isso, é comum um coreano saber exatamente a qual geração da família ele pertence, o que pode ser detectado pelo nome. Cada homem que nasce dá continuidade ao clã. É por isso que existe uma tradição de que o primeiro filho seja, preferencialmente, do sexo masculino, já que, culturalmente, a mulher passa a pertencer ao clã de seu marido quando se casar.

Dessa forma, o primogênito fica responsável por eleger uma das sílabas que precisa conter nos nomes dos demais parentes daquela sucessão. Por exemplo, se o primeiro a ser pai na geração 36 da família Choi (ou ), nomear seu filho como Byoung Kyun (병균 ou炳均), seus irmãos e primos levarão no nome o Byoung ( ou ), que significa brilhante, glorioso. A próxima geração será marcada por outra inicial ou final, que poderia ser Seob ( ou), definida como harmonia ou combinação.

Esse é o sistema adotado para indicar as gerações de cada clã, tornando mais fácil o resgate da história desse povo. Por causa disso, existe geralmente um vínculo mais forte entre irmãos e primos. E, quando eles morrem, são enterrados na tumba da família, em morros ou terraços, sendo a base ocupada pelos mais ancestrais, enquanto os mais novos vão ocupando os espaços de cima, cada geração numa linha diferente.

 Em relação ao nome, existe algo semelhante no Brasil, como a tradição de colocar no filho a mesma alcunha do pai, chamando-o de Júnior ou ainda quando é adotado um nome duplo para a criança, sendo um deles o de algum parente. No entanto, da mesma forma que isso já não é mais tão comum por aqui, a Coreia também está se modificando. Já se aceita, em famílias menos tradicionais, que o filho seja batizado de outra forma. No caso feminino, como não há muitas regras, é comum encontrar Jessicas e Suzis.

Além das mulheres, alguns homens, mesmo quando seguem o legado tradicional,  passam a adotar nomes ocidentais. Como a pronúncia das palavras em coreano pode ser bem difícil para quem não é do país, essa é uma forma de se tornar mais globalizado. Nesse meio, surgem opções como Jack, Mike, Vic, entre outros. Portanto, se algum coreano se apresentar como Bob, já sabe que não é o nome verdadeiro dele.

Não deixe de acompanhar meu blog, onde conto mais sobre minha experiência na Coreia.

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About Ariane Annunciação

Ariane Annunciação (Rio de Janeiro) – jornalista, estudante de História e tradutora freelancer, casada com um coreano, dorameira e apaixonada pela cultura oriental. Morou na Coreia por dez meses entre 2013 e 2014 e mantém um blog sobre sua experiência no país, o http://hangukcomacai.blogspot.com.br/

One Response to Clãs e nomes masculinos na Coreia
  1. avatar

    […] 1.5,  conheceram-se no Brasil, por meio da apresentação tradicional de famílias, unindo dois clãs; Pak, família da mãe que migrou para Brasília e Choe, família do pai que migrou para São […]


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